Volt e o 25 de Abril
O 25 de Abril de 1974 que hoje festejamos é a data fundadora da nossa democracia, que restituiu as liberdades ao povo português. Mas é redutor celebrá-la apenas como o marco do fim da ditadura. Tratou-se também de acabar com uma guerra colonial que se prolongava há 13 anos e que matou quase 10 mil militares portugueses e que, de acordo com as estimativas, terá morto perto de 100 mil pessoas no total.
Acabar com a ditadura e com a guerra foram os dois principais motores da revolução levada a cabo pelos jovens militares. Há uma dívida de gratidão aos capitães de Abril que nunca é demais relembrar. Estes heróis que, na poética madrugada de 25 de Abril de 1974, saíram dos quartéis para pôr um ponto final a um regime ditatorial que se prolongou por 48 anos merecem ser celebrados.
Democratizar, descolonizar e desenvolver. Eram estes os 3 D’s do 25 de Abril. A descolonização dos países africanos do império português foi feita em 1975. Os méritos e deméritos deste processo estão ainda envolvidos por alguma polémica. Mas a descolonização fez-se e Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe tornaram-se países independentes. Hoje o nosso papel é apoiar e ter uma boa relação com todos eles.
A democratização também se fez, primeiro criando uma Assembleia Constituinte e depois uma Assembleia da República de onde emana um governo nomeado pelo Presidente da República eleito por sufrágio universal. A separação de poderes foi instituída e o Estado de direito é uma realidade. É verdade que a nossa democracia tem falhas, não é perfeita. Há que a melhorar em muitos aspetos, nomeadamente na Justiça, uma das áreas fundamentais para que tenhamos uma democracia saudável.
O desenvolvimento conseguido após o 25 de Abril de 1974 é inquestionável. Passámos de uma sociedade com 25% de analfabetos para uma com 5% (2011). Passámos de uma sociedade com 50 mil inscritos por ano no ensino superior para uma sociedade com 360 mil inscritos por ano no ensino superior. Passámos de uma sociedade com diminuta assistência médica para uma sociedade com um serviço nacional de saúde entre os melhores do mundo.
Muito do desenvolvimento de Portugal teve a ver com a entrada na então CEE, futura União Europeia, 12 anos depois da revolução do cravos. Se há um Portugal antes e depois de 1974, há também um Portugal antes e depois de 1986, sobre relacionado com o item desenvolvimento. Foi a CEE/UE que acelerou reformas fundamentais para que o nosso país seja hoje um país moderno. Basta recordar toda a mudança para melhor em áreas como o saneamento básico, transportes, pescas, agricultura, energia… Basta recordar, por exemplo, que nos anos 80 havia dezenas de localidades sem luz.
Mas persistem problemas estruturais graves que não deixam a economia funcionar de forma saudável. O excesso de burocracia, uma cultura de favorecimento a conhecidos, pouca valorização do mérito, pouco incentivo ao investimento privado, alta carga fiscal, políticas de baixos salários, baixa formação das elites empresariais… Por estas e outras razões, Portugal continua a ser um país com empregos de baixos salários no contexto da União Europeia. Por isso, este é o D que precisa de maior atenção por parte da política.
O D do desenvolvimento está por cumprir. E é por este D estar incompleto que os populismos, os extremismos e os nacionalismos têm crescido. É muito por causa deste D que o Volt existe. Propomos uma transformação da sociedade nas áreas política, económica e ambiental. Queremos melhorar a democracia, mas sobretudo criar condições para um maior e melhor desenvolvimento. Um desenvolvimento que não deixa ninguém para trás, que respeita a individualidade de cada uma e de cada um, mas também que valoriza o ser humano e a qualidade de vida que não pode deixar de ter.
Esta é a nossa visão do 25 de Abril. O Volt olha para o passado e para a data fundadora da democracia como o início de uma sociedade melhor, mais justa e mais solidária. O Volt olha para o passado respeitando todas aquelas e todos aqueles que lutaram para que a ditadura acabasse. O Volt olha para o passado com um profundo respeito pelos heróis de Abril. Mas o Volt, não esquecendo o passado, quer celebrar esta data com os olhos postos no presente e no futuro. Porque essa é a melhor forma de tornar o 25 de Abril vivo e não uma mera efeméride. É com este pensamento que desfilamos hoje na Avenida da Liberdade.
Viva o 25 de Abril! Viva Portugal! Viva a Europa!