Avançar ou recuar?
A identidade Europeia
Desde os tempos das tribos europeias nos tempos clássicos, a história demonstra que face a uma crise, como é o caso de um conflito armado, as alianças são uma resposta natural dos seres humanos. No entanto, acredito ser necessário “cuidar” das nossas alianças, como é o caso da União Europeia (UE) ou da NATO, mesmo em períodos calmos, para conseguirmos suportar eventuais crises e assegurar que o espírito de união não se evapora e leva à
eventual dissolução das mesmas.
Uma história que me foi contada pelo meu pai na minha infância, e que acredito comprovar o meu argumento anterior, é a dos povos germânicos cerca de 9 d.C.. Nesta, diversas tribos germânicas uniram-se contra o inimigo
comum que eram as legiões romanas e derrotaram-nas decisivamente na batalha de Teutoburgo. Tribos estas que tinham uma história rica de ódio e combate entre si. No entanto, foi possível a Armínio, um líder da tribo
germânica dos Queruscos, juntar estas facções e desferir o golpe devastador às tropas romanas, o que aniquilou três legiões romanas compostas por cerca de 20.000 soldados e civis, impedindo assim a expansão do império Romano para além do rio Reno.
No entanto, esta aliança foi temporária. Os romanos voltaram a atacar as tribos e desta vez venceram, em parte devido às tensões internas da aliança germânica e à baixa moral derivada das recentes derrotas. Por sorte, os
romanos não conseguiram usar esses fatores em seu proveito, criando um impasse que levou os germanos a regressar ao status quo anterior de se guerrearem entre si.
Nos tempos modernos, temos o exemplo da União Europeia que demonstra a naturalidade que humanos têm em procurar grupos semelhantes para formar uma aliança quando confrontados pela necessidade. É esta qualidade que nos permitiu desde sempre sobreviver e evoluir, como demonstrado no parágrafo anterior.
A UE teve na sua origem um objetivo diferente, mas um contexto semelhante, já que mais recentemente se quis prevenir mais guerras depois de duas que devastaram o continente Europeu, através da união das indústrias relevantes para a área da defesa, enquanto na antiguidade se queria preparar para uma guerra iminente.
Desde o ano passado que temos na Europa outra guerra, a da Ucrânia, que alimentou o sentimento de união por todo o Continente, demonstrando assim que o medo do conflito nos une e sempre uniu.
No entanto, é necessário garantir que estas alianças que nascem do medo, não se deixem consumir pelo mesmo e que não as tenhamos como garantidas. Se o Brexit nos demonstrou algo, é que tão rápido se constrói como se desconstrói.
Seguem outros exemplos para demonstrar que a UE nem sempre é tão unida como parece ser e é algo para o qual se tem de trabalhar, como foi o caso da visita de Macron a XI Jinping, que no regresso declarou o risco de a Europa se tornar vassala aos EUA e da resposta do Primeiro Ministro Polaco na sua visita a Washington, onde defende que ser aliado dos EUA não torna a Europa vassala dos mesmos.
Outros exemplos como a resposta à invasão Russa à Ucrânia na sua fase inicial, onde países membros do Oeste da União estavam muito hesitantes em apoiar a Ucrânia, enquanto que os países do Leste Europeu rapidamente ofereceram apoio e por fim, nesta lista, mas, infelizmente, não na história de interesses divergentes entre países europeus, temos o exemplo da Hungria que recentemente renovou o contrato de importação de gás russo, apesar das sanções implementadas pelo resto da União Europeia.
Pretendo então demonstrar com estes exemplos, que é necessário melhorar o espírito de entreajuda e a confiança entre países da União, ou corremos o risco de a longo prazo ficarmos sem união pela qual lutar.
Para tal, é necessário a criação da identidade Europeia, através dos vários eventos e ações financiados pelas várias instituições Europeias, a comemoração de dias importantes para a Europa, como o dia 9 de Maio que
celebra a declaração de Schuman, a aposta e simplificação na participação do programa Erasmus, a aposta na melhoria da oferta do Interrail, entre outros.
O projeto Europeu somos todos nós e só com o trabalho e carinho de cada um de nós pelo mesmo, é que o mesmo pode crescer e evoluir, de forma a assegurar-nos a todos a possibilidade de viver em liberdade, autonomia e de acordo com os valores Europeus da defesa dos direitos humanos.