Acabou-se a sombra da Bananeira Norte-Americana
Possuímos o título de país fundador da OTAN, de excelentes forças especiais, bons instrutores militares, mas ainda assim as nossas Forças Armadas estão num estado lastimável em termos de meios bélicos, e se houve algo que a II Guerra Mundial ensinou foi que as guerras passaram a ser guerras industriais e quem consegue produzir mais tem uma clara vantagem. A Europa, especialmente após a queda do bloco soviético encostou-se à sombra da bananeira Norte-Americana.
Claro que nem tudo foi mau. Os fundos que seriam destinados às Forças Armadas (FA), foram realocados à cultura, educação e saúde, algo que resultou num forte crescimento económico europeu nos últimos 30 anos, independentemente das crises financeiras que se atravessou, mas este subfinanciamento crónico das FA, numa altura de mudanças de esfera de influência, faz com que a Europa tenha perdido um pouco a sua autonomia estratégica.
Importa dizer que os EUA possuem mais de 100.000 militares em solo europeu, tendo em conta que possuímos 1 milhão e meio de pessoal militar ativo, caso a China obriga à realocação de algum desse pessoal, ficaríamos num estado ainda mais precário que o atual, pois além de pessoal, sai também algum material significativo. As guerras são à escala industrial e se foi algo que a Ucrânia demonstrou é que a União Europeia não possui nem stocks, nem indústria militar ativa suficiente para uma guerra convencional, em especial prolongada.
Ora, com a saída do Reino Unido, um dos grandes mantedores do status-quo da integração europeia, muitos esperavam ver avanços significativos nesta área, mas tal não se verificou.
Não são só os Federalistas Europeus, devido à sua ideologia, que sonham com a criação do Exército Comum Europeu, qualquer pessoa, que se considere pragmática, sabe que temos que caminhar nessa direção, com sistemas de armas, comandos unificados e não só. No Volt Europa, sempre se defendeu a criação de um Ministério de Defesa Europeu com um comando civil integrado, a criação de quartéis generais permanentes para suportar as missões militares europeias e claro, sem esquecer a importância do estabelecimento de um departamento de cibersegurança.
A aquisição conjunta de artilharia acordada para a Ucrânia, recentemente seria muito mais fácil se transformássemos a Agência Europeia de Defesa num verdadeiro departamento de aquisição de material e de coordenação de contratos públicos na área da defesa. Dia 4 de Abril, celebra-se o dia da NATO. Muito devemos a nossa estabilidade à pertença da maior aliança militar da história, mas quando novos acontecimentos surgem, devemos pensar que Europa queremos, e em especial o que fazer quando eventualmente a sombra se virar para o Pacífico?