Q&A: Como foi a Assembleia Geral do Volt 2024, Albânia?

Nos dias intensos da Assembleia Geral (AG) do Volt Europa de 2024, em Tirana, Albânia, mais de 600 membros de toda a Europa reuniram-se para debater o futuro da Europa e do próprio partido. Entre os participantes, estavam os Co-Presidentes do Volt Portugal, a Inês Figueiredo e o Duarte Costa, e o Miguel Costa, membro há menos de um ano. 

Entrevistamo-los aos 3 para ficar a conhecer as suas reflexões sobre este evento anual.

30 de nov de 2024

Miguel, és membro do Volt há apenas alguns meses. O que te levou a juntar-te ao partido e a participar nesta Assembleia Geral?

Miguel: Juntei-me ao Volt em março, motivado pelo seu pragmatismo, sensatez e abordagem baseada em soluções. No Volt, não sinto pressão para seguir ideais de direita, nem esquerda, nem capitalistas, nem socialistas, nem de qualquer outra ideologia: cada problema é estudado individualmente e a solução a que se chega por vezes está mais alinhadas com uma ideologia, por vezes com outras - e para o Volt, não há problema nenhum com isto. O pragmatismo, a aceitação que problemas difíceis requerem estudo para serem resolvidos, e a aceitacao de que por vezes a melhor decisao e contra-intuitiva, levaram-me a identificar bastante com o Volt. Esta visão, somada ao espírito colaborativo, inspirou-me. Gradualmente, comecei a contribuir mais para o Volt (atualmente sou o Data Protection Officer do Volt Portugal e sou bastante ativo no Volt Europa também a nível técnico), e ir à AG foi uma decisão natural: queria conhecer pessoalmente as pessoas com quem tenho trabalhado e passado bons momentos.

Esta foi a primeira AG realizada fora da União Europeia. Por que foi escolhida Tirana, na Albânia?

Duarte: Esta AG foi especial por acontecer num cenário tão significativo como a Albânia. O Volt é o partido mais determinado em unir a Europa, indo além das fronteiras da União Europeia. O Volt Albânia está em crescimento e os seus membros são uma inspiração. Ainda que poucos em número, são grandes na consciência de que, se não conseguirem renovar a classe política e os partidos tradicionais, o futuro não será diferente de um histórico desolador de corrupção endémica, pobreza e falta de visão e ambição para construir na Albânia uma Europa próspera de progresso e voltada para o futuro. Em várias conversas que tive com colegas albaneses pensei: "é desta perseverança que as nossas democracias precisam!”. O ponto alto foi a ação que realizámos na Praça Skanderbeg, um local histórico de resistência popular ao totalitarismo. Assim como os albaneses conquistaram vitórias no passado, o Volt está determinado em ajudar a Albânia a alcançar um futuro próspero, dentro da UE e alinhada com os seus valores.

O que tornou esta AG especial?

Inês: Vários factores! O local onde estávamos foi verdadeiramente inspirador, como o Duarte já explicou atrás, e houve uma organização logística fantástica. Esta AG foi a primeira oportunidade de voltar a estar com muitos dos nossos colegas europeus (e muitas vezes amigos próximos) depois das eleições europeias, após 2 anos de trabalho árduo em conjunto.

Duarte: Esta foi a primeira AG após as eleições europeias, marcada por reencontros emocionantes e uma sensação de renovação. Ver tantas caras novas, de pessoas que se juntaram ao Volt após as eleições, trouxe um entusiasmo renovado. Estamos mais determinados do que nunca a expandir a presença política do Volt, especialmente no sul e leste da Europa.

Qual foi o ponto alto da AG para vocês? Algo em especial que tenha marcado?

Miguel: Para mim, foi a diversidade de tópicos discutidos. Uns percebem mais de assuntos ambientais, outros de defesa europeia, direitos humanos, tecnologia e etc. A riqueza de conhecimentos de cada membro contribui para uma visão comum de uma Europa mais forte. E explorar Tirana com este espírito foi fenomenal.

Inês: O que nunca deixa de me alegrar no Volt é a amizade proximidade entre as pessoas. Mesmo os líderes, como os nossos co-presidentes europeus ou eurodeputados, convivem naturalmente com os membros de base e as pessoas não hesitam em “meter conversa”. Aliás, procuram ativamente conhecer membros dos outros países para não ficarem na "bolha" cultural e linguística mais familiar. Esta acessibilidade é característica do Volt e cria um ambiente único, onde fica claro que todos fazem mesmo parte do movimento e que cargos não se traduzem em tratamentos especiais. Estamos todos aqui para o mesmo: dar o nosso contributo para melhorar a Europa.

Inês, foste eleita Presidente de Mesa desta AG. Como foi essa experiência?

Inês: Ser Presidente de Mesa ou Chairperson foi um desafio e uma honra. Este é um cargo técnico, que exige organização, imparcialidade e conhecimento dos regulamentos. Ter sido eleita pelos membros do Volt Europa foi um reconhecimento da confiança no meu trabalho que me deixou bastante feliz. Apesar de desafiador, foi uma forma de reafirmar, tanto para mim como para todos os membros, o meu compromisso com o movimento.


Alguma aprendizagem marcante desta AG?

Inês: Conhecer a realidade local da Albânia e do Kosovo foi transformador. Tivemos um painel de especialistas que nos explicou as complexidades da região, o que me ajudou a entender melhor as suas histórias e aspirações. Esta proximidade foi uma lição sobre a importância de somar as diversas vozes europeias. Para mim foi fantástico conhecer as pessoas, perceber quais as suas dores, preocupações e anseios, e como vêem o futuro dos seus países.

Miguel: Quando enfrentamos grandes problemas, seja a nível regional, nacional ou internacional, é fácil sentir que não teremos impacto, especialmente no meio de tantos debates, estudos e um excesso de informação que dificulta distinguir factos de ficção. Esta AG e o Volt mostraram-me que contribuir nas áreas que me interessam é mais fácil do que imaginava.

Que mensagem deixariam para quem está a considerar juntar-se ao Volt, mas ainda tem dúvidas?

Miguel: A mim, dá-me muita alegria contribuir para algo significativo e ajudar a construir o Volt é muito gratificante. Recomendo a todos que experimentem esta emoção se se identificarem com a missão do movimento.

Inês: Digo sempre: “Todas as pessoas que tiveram impacto no mundo são absolutamente normais, como nós. Se elas conseguiram, por que não conseguimos também?”. Juntar-se ao Volt é dar o primeiro passo para fazer parte da mudança que queremos ver!

Duarte: Sinto, em Portugal e além, um crescente receio sobre o futuro da democracia. A eleição de Trump, a guerra na Ucrânia e o avanço da extrema-direita mostram que os democratas precisam de agir. Estar no Volt significa apoiar uma alternativa europeia e integrar uma comunidade de milhares de pessoas que oferece esperança e ação perante desafios globais. Digo sempre: precisamos de todos deste lado da democracia, cada um contribuindo à sua maneira e com o tempo que pode dispender. Trabalhar juntos, dentro deste espaço de colaboração que é o Volt, é essencial para construir o futuro que desejamos.