Volt alerta para projeto europeu ameaçado por populistas
Cabeça do lista do Volt diz que "a democracia europeia" fica em risco, "quando as pessoas votam em partidos de protesto". Para evitar esse cenário, é preciso, diz, "resolver problemas das pessoas".
O cabeça de lista do Volt Portugal às europeias avisou este sábado, no Algarve, que o projeto europeu ficará ameaçado por partidos populistas caso a União Europeia não esteja “na linha da frente” da resolução dos problemas dos cidadãos.
“A democracia europeia e o projeto europeu estão ameaçados quando as pessoas votam em partidos de protesto. Ou seja, de cada vez que a União Europeia [UE] não está na linha da frente na resolução dos problemas das pessoas, as pessoas podem confiar em projetos políticos que ameaçam a Europa e essa democracia”, afirmou Duarte Costa, em declarações à Lusa.
O candidato do Volt falava em Faro, à margem do evento “Impact Algarve — Transformar Ideais num Futuro Real”, um workshop deliberativo que pretende gerar recomendações e medidas de ação para impulsionar o futuro do Algarve, onde esteve acompanhado da número dois da lista, Rhia Lopes.
Duarte Costa deu mesmo como exemplo o caso do Algarve, onde o Chega foi o partido mais votado nas últimas legislativas de março.
“É uma região que conhecemos, que tem muitos votos de protesto e, portanto, a melhor forma de proteger a União Europeia dos votos de protesto e dos votos populistas é resolver os problemas das pessoas”, assinalou.
No Algarve, o principal problema “é uma economia muito dependente do turismo, que não cria as oportunidades para as pessoas” se fixarem e terem “uma vida digna”, um cenário que, aliás, abrange “a maior parte das regiões do sul da Europa”, apontou.
A UE “tem de ser uma união parceira dos cidadãos europeus em regiões como o Algarve” e mostrar-se “relevante, não só em temas muito distantes da vida das pessoas”, de forma “a combater os votos populistas de projetos eurocéticos”, vincou Duarte Costa.
O Volt Portugal defende, por um lado, que a UE deve “investir na transformação da economia” de regiões como o Algarve, não só em termos de infraestruturas, mas também no sentido da criação de um novo perfil económico, “que permita às pessoas terem trabalhos estimulantes e bem remunerados”.
Por outro lado, “também é preciso uma União Europeia mais próxima, mais participativa”, entre outras medidas, com a criação de um governo europeu, com primeiro-ministro e ministros, que emane diretamente do Parlamento Europeu, ou com assembleias de cidadãos, ouvindo as pessoas nas decisões que a Europa toma e na forma como gasta os seus fundos.
Duarte Costa sublinhou que, atualmente, a Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, “é escolhida pelos 27 primeiros-ministros” e “não tem uma relação de escrutínio com o povo”, o que tem como consequências falta de proximidade e falta de confiança dos cidadãos europeus.
Não é preciso “um governo gigante, com 27 comissários”, mas sim um governo “com o tamanho necessário, com as pessoas mais competentes e, claro, com uma diversidade de nacionalidades”, para garantir “que está próximo e mandatado pelas pessoas para liderar os rumos da União Europeia”, sugeriu o cabeça de lista do Volt Portugal.
Em Portugal, as eleições europeias realizam-se em 9 de junho e serão disputadas por 17 partidos e coligações: AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre, PAN, ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP. Serão eleitos 21 deputados.