Um OE de direita que não gera riqueza, viabilizado por uma esquerda obcecada com detalhes marginais

As negociações para o OE 2025 tem exposto um problema protagonizado pelo PS e PSD: apesar de diferentes, nenhum dos dois oferece um plano e liderança observável para conduzir a economia portuguesa a uma em que os portugueses prosperam, ou seja, onde conseguimos obter rendimentos em Portugal como nos países mais prósperos da Europa. O que está a falhar com estes partidos e que propostas precisamos neste OE para nos aproximarmos do melhor de viver na Europa?

9 de out de 2024
Volt logo

A visão do PSD para este OE limita-se a baixar impostos e oferecer benefícios marginais, seguindo um desígnio ideológico de direita que reduz a capacidade de intervenção do Estado e espera o triunfo económico com base num pequeno fôlego fiscal. Somam-se as cedências a reivindicações não atendidas pelo PS, que sendo um paliativo justo e necessário, sem um foco em gerar riqueza sustentada, temos um orçamento de curto prazo que não transforma boa performance económica em progresso social.

Pedro Nuno Santos aproximou o PS dos partidos à sua esquerda, mas a resistência em baixar impostos revela um problema ideológico. A visão do PS e da esquerda é a de um país com impostos altos e um Estado prestador de bons serviços públicos e decisivo no desenvolvimento do país. Este sonho escandinavo é interrompido por um valente estalo na cara que foi o legado de António Costa onde o investimento público foi historicamente baixo, dependente de fundos europeus, e os serviços essenciais degradaram-se para níveis indignos de um país europeu. O eleitor de esquerda não se conforma com um legado que não só não cumpriu com um verdadeiro projeto socialista mas que também acabou por descredibilizar a esquerda.

Para o Volt, que está à direita do PS e à esquerda do PSD, a raiz das prioridades passa por termos rendimentos e serviços públicos em Portugal como nos países mais prósperos da Europa. Este deve ser um desígnio nacional para esta década. Para pagarmos salários europeus precisamos de fomentar uma indústria campeã que propulsione a economia portuguesa para os níveis de rendimento que objetivamos.

Para isso, a negociação do OE deve focar-se em tornar Portugal atrativo, facilitador de investimentos e do empreendedorismo inovador, expandir exportações sobretudo as de maior valor acrescentado e sustentadamente travar a emigração e fixar o talento em Portugal. Este deve ser o foco do governo e dos partidos no parlamento na hora de negociar o OE.

Olhemos para outros exemplos europeus que o alcançaram. O Luxemburgo nos anos 70 tinha um PIB per capita igual à maioria dos países da CEE. Nos anos 80 tornou-se num dos primeiros Estados Membros a transpor as directivas sobre Fundos de Investimento e com isso tornou-se no país da UE mais atrativo e estável para sediar os serviços financeiros da UE. Isso desenvolveu e atraiu outros setores, fazendo hoje do Luxemburgo um país com o maior PIB per capita da UE.

Malta já neste século também fez uma aposta no digital. Do online gaming às criptomoedas, Malta tornou-se no destino natural para todas estas indústrias fazendo já deste país um que economicamente é mais próspero que Portugal, apesar de ter chegado à UE quase 20 anos depois.

Portugal entretanto também desenvolveu uma indústria campeã que nos últimos anos tem estado na base da boa performance económica do nosso país, sendo mesmo em 2023 responsável por 50% do nosso crescimento económico: o turismo.

Deixa-nos desde já ir ao encontro dessa apreensão súbita que esta palavra acabou de lhe causar. O turismo não é a indústria campeã sobre a qual queremos apoiar o nosso progresso. Contudo, contar com uma campeã nas indústrias é um excelente ponto de partida para termos recursos para investir no desenvolvimento de uma outra que compense as externalidades do turismo e nos propele para os níveis do European dream onde os portugueses são líderes de aspiração quando olham para o projeto europeu.

E agora interrompemos o sonho para cair com estrondo no chão: as negociações do OE 2025 estão longe de ser sobre tudo isto. Vivemos um momento de vacas gordas mas quem acredita que PS ou PSD têm a visão e capacidade de nos levar para o nível de prosperidade seguinte? PS e PSD há anos que provam não saber mais ou melhor do que o que temos visto nestas negociações. Para quem não se apercebeu, ainda há tempo de acompanhar esta novela até à primeira votação no final de outubro.

Se ficaste com a dúvida sobre o que é uma indústria campeã e qual seria a nossa, convidamos à leitura da seção de Renascimento Económico dos programas eleitorais do Volt em Portugal que explicam com detalhe toda essa ambição e possibilidade.

O Volt na discussão do OE 2025 quer relembrar o PSD que reduzir impostos indiscriminadamente não é estratégico e relembrar o PS que apoios marginais não nos elevam. E relembrar-nos a todos que o nosso tempo para dar a volta à nossa situação económica está a chegar ao fim. As vacas gordas estão a emagrecer, o mundo tem cada vez mais desafios ambientais e geopolíticos e nós temos de avançar agora. E para isso, precisamos de uma nova geração de políticos, corajosos, pragmáticos, visionários e que vejam o poder político como o poder que a democracia nos dá para construir um futuro coletivo promissor.

Duarte Costa e Inês Bravo Figueiredo
Co-presidentes do Volt Portugal