Mensagem de Natal

Recentemente, fomos alertados pelo Secretário-Geral da NATO, Mark Rutte, que a guerra na Ucrânia poderá evoluir para um confronto a longo prazo, com implicações diretas para a segurança da Europa e do mundo. A sua afirmação, de que estamos "pouco preparados para o que nos espera daqui a quatro ou cinco anos", deve soar como um alerta claro para todos nós. A situação de segurança na Europa é a mais grave que já vivemos, e a falta de uma resposta firme por parte das nossas lideranças políticas é igualmente alarmante.

Em Portugal, precisamos também de adotar uma "mentalidade de tempo de guerra". Esta mentalidade exige uma preparação séria para os próximos 4-5 anos, períodos nos quais devemos avaliar duas questões cruciais: como podemos contribuir para a vitória na guerra e como nos adaptamos às novas realidades geopolíticas e económicas que se desenham à nossa frente. Portugal, distante da linha de frente de combate, possui características únicas que podem torná-lo um pilar essencial para a estabilidade da União Europeia e da NATO.

Portugal pode ser decisivo para a vitória da UE na atual guerra, não apenas pela sua localização estratégica longe do alcance aéreo russo, mas também pela sua capacidade de impulsionar a segurança energética e industrial da Europa. A independência dos combustíveis fósseis russos e a crescente capacidade de descarbonização do setor energético tornam o nosso país um território seguro na UE e na NATO para garantir a soberania energética e produtiva da Europa. Precisamos de acelerar a transição para uma economia mais verde e independente de regimes autoritários, ao mesmo tempo que aproveitamos a oportunidade para fomentar um ecossistema inovador em setores como a tecnologia, as energias limpas e a inteligência artificial.

No entanto, esta preparação não se resume a questões económicas e energéticas. Em tempos de guerra, também é fundamental fortalecer a nossa democracia e garantir que estamos preparados para as novas ameaças que surgem nas plataformas digitais. A Rússia e outras potências autoritárias têm tentado minar as nossas democracias pela via da interferência em eleições usando plataformas como o TikTok ou o X. Precisamos de fortalecer a nossa resiliência e soberania digital e combater as interferências externas que ameaçam a integridade do nosso sistema político.

Ao mesmo tempo, devemos lembrar que a guerra não é apenas geopolítica, mas também uma luta pela dignidade humana. A crise dos refugiados, que já se apresenta como uma realidade crescente, exigirá de nós uma resposta humanitária eficaz. Portugal pode ser um exemplo de acolhimento e integração, criando um ambiente onde os refugiados possam não apenas encontrar segurança, mas também contribuir para o nosso crescimento e desenvolvimento económico. Temos 4-5 anos para resolver a crise da habitação, travar o crescimento de sentimentos xenófobos e anti-imigração com melhores políticas de inclusão e revolucionar a eficiência da mobilidade verde nas cidades portuguesas, garantindo assim que podemos ser um espaço seguro de refúgio, de produção industrial e de inovação digital num contexto de Guerra Mundial.

As eleições autárquicas de 2025 serão decisivas para garantir que as nossas cidades estão preparadas para enfrentar estes desafios de curto prazo, construindo um futuro de longo prazo, mesmo num cenário de Guerra. O Volt está a preparar a todo o vapor as suas equipas e ideias para contribuir com qualidade para essas eleições. Este é um esforço coletivo, no qual todos somos chamados a contribuir, identificando e mobilizando o talento, as boas ideias e o sentido de reforço da qualidade das nossas câmaras e juntas, como forma de responder a estes desafios, essenciais para estarmos prontos para outros ainda maiores.

Neste Natal, convidamos todos a refletir sobre a importância de nos mobilizarmos a todos para estarmos unidos, superando divergências e construindo uma Europa forte, segura e soberana. Sabemos que o caminho à frente será desafiador, mas acreditamos que, com talento, coragem, inovação e solidariedade, podemos vencer não apenas as ameaças externas, mas também as crises internas, transformando-as em força de mudança que nos alcança o sonho de sermos em Portugal uma nação europeia verdadeiramente livre, próspera e sustentável.

Que este Natal seja um momento de esperança, de renovação de forças e de compromisso com o futuro. E que, em conjunto, possamos transformar os desafios em oportunidades para construir o futuro de paz e liberdade que todos merecemos.

Com os melhores votos de paz, união e prosperidade,

Duarte Costa e Inês Bravo Figueiredo
Co-Presidentes do Partido Volt em Portugal