Declaração do Volt Portugal após as Legislativas de 2025

Obrigado aos mais de 10.000 portugueses que confiaram o seu voto ao Volt nestas eleições em território nacional. Aguardamos os votos dos portugueses no estrangeiro com expectativa tão grande quanto o dia em que teremos voto eletrónico para não deixarmos ninguém de fora da nossa democracia por morar no exterior.

20 de mai de 2025

Portugal vive um momento decisivo. O resultado destas eleições reforça um sinal de alarme que vem a intensificar-se a cada eleição antecipada. O crescimento da direita radical é um alerta claro de que caminhamos para um território perigoso, onde forças que rejeitam os valores democráticos ganham terreno. Um território que também assistimos noutras partes da Europa contemporânea e que a História já nos mostrou ser uma ameaça à paz social, à liberdade, a inúmeras minorias e à união e cooperação entre os povos europeus.

A instabilidade política provocada pela escolha por sucessivas dissoluções do Parlamento, derivada da falta de visão estratégica dos partidos tradicionais do centro, abriu caminho ao crescimento da extrema-direita. Este crescimento visa tomar o poder de assalto, desfazer as bases sociais e eleitorais dos partidos democráticos tradicionais de governo e tornar-se alternativa autoritária e estável depois de anos de instabilidade parlamentar e de sucessivos governos de curta duração. Este avanço representa não apenas uma ameaça política, mas um risco social e democrático profundo: a normalização do ódio, da mentira e da manipulação como formas legítimas de fazer política e a viragem do Estado democrático português para um regime iliberal, conservador e altamente permeável aos interesses obscuros que financiam o Chega e a extrema direita europeia.

Não somos ingénuos. Sabemos que este crescimento se alimenta não apenas do desespero de muitos, mas também de práticas que colocam em causa a legalidade e a ética democrática: financiamento opaco, desinformação, campanhas de medo, uso de contas falsas para manipular a opinião pública. Tudo isto deve ser denunciado e combatido com firmeza. O Chega e os partidos que se servem destas práticas apenas têm o direito de existir enquanto obedecerem às regras da democracia.

Apesar de tudo isto, acreditamos que há hoje também mais razões para ter esperança.

Milhares de pessoas estão a ativar-se politicamente e a acreditar na necessidade de política feita com verdade, seriedade e serviço. O Volt Portugal é feito dessas pessoas. Pessoas que decidiram agir. Que não se resignam e que se ativam. Que querem construir uma alternativa entre a esquerda e a direita e que é europeísta, progressista e democrática.

As eleições foram duras para o Volt. A campanha foi muito intensa e trouxe alguns sucessos na definição política e reconhecimento público do Volt. Contudo, o voto útil penalizou-nos, sobretudo nos distritos que só elegem 2 ou 3 partidos. Ainda assim, fomos o único partido progressista a crescer, depois do Livre. Em Lisboa, no Porto e em várias capitais de distrito, aumentámos a nossa presença. É um sinal claro de que este projeto tem raízes e futuro, cujo valor é resiliente mesmo nos momentos mais duros da nossa democracia. Mas precisamos de mais: mais força, mais organização, mais comunidade.

No momento de cidadania que vivemos não basta apenas votar e falar com quem está à nossa volta. Precisamos de nos unir e ser comunidade. De fazer política — mesmo sem gostar dela ou entre quem acha que política não é algo para si. Precisamos de ativar a energia cívica dos que estão preocupados com o populismo, mas também conscientes da inércia e incapacidade de quem devia ter feito melhor.

O Volt está aqui para isso.

Estamos aqui para oferecer uma alternativa concreta e credível ao voto de protesto antidemocrático. Também estamos disponíveis para sermos um elemento agregador entre esquerda e direita democráticas. Os democratas precisam de se unir, na sua pluralidade, para defender o regime democrático e propor uma alternativa ao populismo que compreende os receios das pessoas e responder-lhes com soluções que funcionam. 

Lançamos, por isso, um apelo:

Junta-te a nós. Como membro, voluntário ou simpatizante ativo.

Não é preciso formação política, nem de muito tempo. Basta querer fazer parte de uma comunidade que não aceita o retrocesso e que quer eficazmente desmobilizar o voto no radicalismo aliciando-o a construir um país melhor, mais justo e mais livre, no espaço democrático.

Nas próximas semanas, vamos iniciar um processo de reflexão e mobilização. Queremos contar com todos — sendo ou não do Volt. Queremo-nos organizar enquanto democratas que não se conformam. Que acreditam que Portugal pode e deve ser dos melhores da Europa.

Contamos com cada um e uma de vocês desse lado.

Conta connosco.

Volt Portugal